A PERSONALIDADE: A ARQUITETURA DOS SEUS TRAÇOS

Resumo: A personalidade é construída a partir de variadas influencias sendo estás biológicas sociais e ambientais, a partir desses componentes aprendemos a lidar com nossas emoções tais como raiva, medo, felicidade e tristeza, criando mecanismos e maneirismos para lidar com fatores externos que hora nos traz o prazer, mas também nos pune com o desprazer, essa construção complexa visa a sobrevivência da espécie e também nos diferencia uns dos outros, tornando os traços da personalidade quase como o DNA único de cada indivíduo, estes podem ser parecidos, porém nunca serão exatamente iguais, para compreendermos o funcionamento do sujeito a diversas abordagens que nos permite descrever e definir modelos de funcionamento a partir das trações característicos de cada indivíduo.

 

 

Palavras-chave: Personalidade, Arquitetura, Traços, Emoções.

INTRODUÇÃO

Nesse artigo trataremos sobre a Personalidade a sua complexidade, como ela é arquitetada e para que ela se destina e o seu funcionamento, veremos inicialmente que variados autores descreve a personalidade como uma  máscara que utilizamos para se adaptar ao meio, e também é o resultado da modelagem realizada pelo meio em nossa psique, a influência externa da personalidade faz tornar público os nossos hábitos e maneirismos, é visível aos demais e muitas vezes nos coloca em situações embaraçosas desnudando em nossa face aquilo ou aquele que não engolimos o que regurgitamos e gostaríamos de expelir, é também por meio dela que expressamos a nossa história de vida, o comportamento só pode expressar o que realmente somos, a nossa personalidade é a luz visível daquilo que somos, ela cria impressões nas demais pessoas, define nossas posições sociais, relacionamentos amorosos e o sucesso ou o fracasso no ambiente laboral; No dicionário comum a definição de personalidade está relacionada à o aspecto visível do caráter de uma pessoa, à medida que ela impressiona as outras.

            Seria a nossa personalidade apenas uma máscara em que de maneira fluida podemos modifica-la ao bel prazer das necessidades cotidianas? Com certeza não, a personalidade vai além de maneirismos superficiais, ela contempla tantas as qualidades sociais e emocionais, e também características  subjetivas a quais talvez não podemos ver de maneira direta, ações, desejos, pensamentos que tentamos esconder de nós mesmos ou as tentativas de esconder dos outros, na atualidade existe dezenas de diferentes definições sobre à personalidade na literatura das ciências de Psicologia, por exemplo, McClelland (1951, p. 69) definiu personalidade como “a conceituação mais adequada do comportamento de uma pessoa em todos os seus detalhes”, Menninger para descrever cita:

 

Como um todo, sua altura e peso e amores e ódios e pressão arterial e reflexos; seus sorrisos e esperanças e pernas tortas e amígdalas inflamadas. Significa tudo o que alguém é e o que está tentando se tornar” Menninger(1953, p. 23).

 

O psicólogo Gordom Allport (1967) estabelece que a personalidade é a organização dinâmica dentro do indivíduo daqueles sistemas psicofísicos que determinam seus ajustamentos ao ambiente. Dentro dessas variadas concepções sobre a personalidade e o seu desenvolvimento, abordaremos aqui a partir da junção de variadas teorias sobre a personalidade utilizando como base a linguagem psicanalítica estabelecida por Sigmund Freud e também conceitos desenvolvidos por outros autores como Robert Holt, John Holland e McCrea entre outros, não menos importantes como Maria Orlandi.

DESENVOLVIMENTO

A ARQUITETURA DA PERSONALIDADE É CONSTRUÍDA BLOCO A BLOCO

A personalidade não é um material solido, não tem em sua característica a imobilidade ou a imutabilidade, ela é relativamente estável e previsível, porem ela é fruto direto do movimento, eventos, traumas, fases boas e ruins, à forma como é vivenciado os dramas e as alegrias ofertadas pela vida pode influenciar na velocidade das mudanças, e também na sua evolução. Para progredir desde que nascemos o organismo se apropria do modelo cognitivo da percepção, o gosto, o que se escuta, aquilo que vê, o  que me toca, são estes estímulos que são recebidos do mundo externo e a partir deles o bebê inicia tentativas de interpretar o seu mundo interno, ou seja, o bebê compreende o mundo  por impressões de estímulos ainda não compreendidos, passa então a produzir um novo modelo o de compreensão dos estímulos, uma compreensão ainda embrionária que será formatada a partir de estímulos vindos de fatores exteriores, como ambiente, mãe, pai e avós, no decorrer da estruturação o sujeito confronta-se com prazer, o leite e o seio materno, que representa calor, satisfação, completude, mas também se defronta com duas demandas ancestrais, medo e raiva que conflitam diante a realidade externa acessando traços com intuído de cumprir o maior desafio da estrutura da personalidade que é manter a homeostase e a manutenção da estrutura psíquica que tem como  sistemas inicial as emoções primárias (medo, raiva), esse sistema visa unicamente a sobrevivência, chora porque tem fome, o objetivo é satisfação da necessidade, mas a frente id e inconsciente são reelaborados a partir do contato mãe, bebe e o mundo externo dando segmento a uma nova estrutura de sistemas de afetos ego/consciente, isso ocorre sem rupturas com o sistema antigo, a uma mudança na maneira de direcionar a energia psíquica que antes era quantitativa advinda da pura necessidade de sobrevivência, puramente instintual e passa a ser qualitativa dando a essa energia um objeto com significado (Orlandi, 2018), o aparelho psíquico após a essa evolução passa  acrescentar os sistemas de sustentação das emoções e os de formação de afetos, esses funcionam de forma mais complexa, e é nessa complexidade que precisamos buscar a compreensão da arquitetura da personalidade, o ego e o consciente passa confrontar os impulsos instituais de oposição do Id contra a realização de um desejo, isso acontece por variados fatores, um desses é a simples necessidade de economia de energia, sendo assim se faz necessário o ego tomar uma escolha entre duas posições, a primeira absorve a energia do instinto, enfrentando as imposições instituais nesse caso o ego então se fortalece para sustentar a estrutura da personalidade com bases solidas, ou ele sede ao Id e regride e então se estabelece nos sistemas afetivos como ego fraco, se tornando vulnerável a um objeto ou evento ameaçador colocando em risco a estrutura da personalidade tornando assim uma estrutura instável que fica deriva de instruções externas para funcionar e se equilibrar.

Explicando as dificuldades encontradas para o desenvolvimento da sua teoria dos instintos, cita a frase do filósofo Schiller: “São a fome e o amor que movem o mundo” (Freud, em O mal-estar da civilização (1927) 

 

Outro fator importante na formação da personalidade é o caráter regressivo e ancestral do DNA da memória, a partir de traços de memória e imagens mnésicas que se move em direção retrocedente e que vai pelo caminho capturando elos primitivos de energia que contem DNA de memorias ancestrais que são formadas por traumas, contos de fantasia e vivencias primitivas na infância,  esses elos com memorias ancestrais é que garante a individualidade de cada indivíduo, produzindo assim uma personalidade única, essa memórias ancestrais, são formadas em eventos da infância onde ainda não é possível a compreensão da emoção e da logica evento vivido, exemplo uma criança que escuta de sua mãe que tem um monstro no escuro, essa história com a evolução do indivíduo vai recebendo colagens de outros elos de memória vinculados à os cinco sentidos da percepção, e com o tempo perde-se o ´´monstro“ como signo da ameaça causadora do  sentimento ancestral que é o medo, esse então se vincula a outro criando novos elos, nasce assim a estrutura da síndrome do pânico, onde o objeto causador de medo é desconhecido, nessas construções constantes produzimos a os poucos características saudáveis ou psicopatológicas de nosso aparelho psíquico.

 

Nessas várias nuances do desenvolvimento do aparelho psíquico não podemos cometer o erro de não explicitar aqui o papel da aquisição do super ego, mecanismo esse que se constrói a partir de proibições impostas pela criação familiar, sociedade e ambiente, criando assim as convicções morais sobre os fatos, ele age como repressor e o guardião da moral das liberdades instintuais do Id e das condescendias do ego, o seu salto evolutivo ocorre no limiar dos três anos de idade, para dar suporte ao cérebro emocional, nessa fase o cérebro cognitivo e racional tem um salto em seu desenvolvimento, o super ego introduz ao ego as regras de convivência entre a realidade interna e a externa buscando a homeostase, esse sistema age atuando contra o ego extremamente atuante e agressivo fazendo que individuo a partir de verificações de seu comportamento visualize se está oprimido sexualmente, vivendo sobre fantasias impossíveis ou estranhas, desenvolvendo comportamentos incompatíveis com a sua natureza, esse bloqueio do super ego ocorre pela imposição de medo sendo mais comum em núcleos emocionais infantis e na infância, com a chegada da vida adulta instaura a culpa pelo afeto, o Id e o Ego a partir de mecanismos de defesa busca burlar as regras dos sistemas do super ego fomentando muitas vezes características doentias a personalidade.

SOBRE OS TRAÇOS DA PERSONALIDADE:

Podemos de forma simplória descrever os traços da personalidade como os interesses, atitudes e sentimentos considerados como uma personalidade ´´interior“ a avaliação da personalidade é uma ferramenta indispensável para se revelar as principais características da personalidade de um indivíduo ou seja os traços, essa ferramenta pode ser definida como a mensuração e a avaliação de traços psicológicos, estados, valores, interesses e atitudes, teóricos como Gordon Allport (1937) tendiam a ver os traços de personalidade como entidades físicas reais que são estruturas mentais genuínas da personalidade, ou seja, é um sistema com vias orgânicas estabelecidas, com capacidade de tornar estímulos funcionalmente equivalentes e de iniciar e orientar formas de comportamentos adaptativo e expressivo, Robert Holt (1971) segue Allport:

 

Há estruturas reais no interior das pessoas que determinam seu comportamento deformas legais” (p. 6), e continuou conceituando essas estruturas como mudanças na química cerebral que poderiam ocorrer como resultado de aprendizagem (Robert Holt 1971 p.6) 

 

 

J.P. Guilford (1947) definiu a personalidade com Qualquer maneira distinguível, relativamente duradoura, na qual um indivíduo difere de outro, podemos notar que a característica em comum descrita sobre a personalidade de variados autores se refere a parte solida da personalidade, que pouco se altera, que diferencia uma pessoa da outra, porem somos colocados a prova, a nossa personalidade é constantemente afetada pelo meio, nos obrigando a realizar processos adaptativos, dessa forma um jovem mesmo que considerado para os familiares como uma pessoa pouco agressiva e sociável, pode apresentar um comportamento oposto em determinada situação de estresse e pressão.

A coerência perfeita jamais será encontrada e não deve ser esperada, as pessoas podem ser dominantes e submissas, talvez submissas apenas perante àqueles indivíduos que carregam símbolos de autoridade e prestígio tradicionais; e, perante todos os outros, agressivas e dominadora, o ambiente em constante mudança alça logo um traço e logo outro a um estado de tensão ativa.

A personalidade foge do conceito momentâneo da característica, exemplo um homem deprimido não pode ser categorizado como uma personalidade depressiva, para tal categoria a de haver uma constância de sentimentos e comportamentos, essa característica, incidira em sua visão de mundo, embaraçando a sua visão prismática tornando as suas interações socais menos expressivas.

Hipócrates já classificava as pessoas em quatros grupos distintos, melancólicos, fleumático, colérico, sanguíneo, John Holland afirmou que a maioria das pessoas pode ser categorizada como um dos seguintes seis tipos de personalidade: artística, empreendedora, investigativa, social, realista ou convencional (Holland, 1973, 1985, 1997,1999), esse sistema visava oferecer suporte na orientação vocacional, Golberg e McCrae criarão o sistema Big Five que nos permite utilizar perguntas dentre e uma avaliação psicológica para definir traços preponderantes da personalidade, dentro desses estão Neuroticismo que nos permite evidenciar a afetividade negativa do sujeito, esse traço é importante porque reflete a tendência da pessoa para experienciar estados emocionais negativos, sensação de angústia, e visões gerais delas próprias e do mundo à sua volta sob uma perspectiva negativa, esse traço é preponderantes em transtornos como depressão, ansiedade, transtorno de personalidade dependente e esquiva, incidência de conflitos com pessoas significativas, dificuldade na tomada de decisão, abuso de drogas, e transtorno de personalidade borderline, personalidade esquizotípica entre outros.

Outro fator dominante é a Extroversão, ou afetividade positiva, onde o sujeito com alto escore nesse traço identifica uma pessoa que busca maior contato com as pessoas mesmo com pessoas que conheçam recentemente, tendem a ter um senso de intimidade maior, revelando intimidades e confiando mais na pessoas, são pessoas mais ativas e em muitos casos externalizam o seus sentimentos, preferencias e crenças para os demais , preferem trabalhar em grupo, procuram ativamente companhia, porem esse alto desejo pode resultar na perca de foco, apresentam tendência a dominância e a assertividade que em muitos casos podem ocasionar conflitos, em um todo são pessoas amigáveis, socialmente ousadas, falantes, afetuosas, enérgicas e vigorosas, procuram estímulos fortes, e se envolvem em atividades ariscadas, esse fator tem como correspondente transtorno de personalidade histriônica, transtorno narcisista, tendência a carência, busca por atenção excessiva. Pessoas com os níveis baixos extroversão tendem a ser caladas e reservadas, falam pouco sobre si e necessitam de contato frequente e prolongado para desenvolver um senso de intimidade com os demais, podem dizer que são tímidos quando, na verdade tem preferência em ficar sozinhos, tem um nível de intensidade de emoção mais controlada em comparação com pessoas extrovertidas. Níveis extremamente baixos em extroversão podem, no entanto, representar um padrão pouco adaptativo dos traços de personalidade. Indicam pessoas com transtornos da personalidade Esquizoide e Esquizotípico geralmente apresentam resultados muito abaixo das demais em escalas de Extroversão.

A Socialização é correlata com pessoas que tendem a confiar nos demais, acreditando no lado positivo das pessoas, e raramente suspeitando de suas intenções, esse aspecto influencia diretamente o desenvolvimento psicossocial do sujeito, alto escore em socialização corresponde a pessoas leais e com característica marcante a franqueza:

Apresentam preocupação e desejo de ajudar os demais, tendo um alto nível de altruísmo, tendem também a ser submissas e atendem mais facilmente às necessidades dos outros que lutam ativamente pelos seus interesses (McCrae & Paul.T Costa 2003).

 

Em contrapartida, pessoas com socialização baixa tendem a ser hostis ao demais incluindo uma postura manipuladora, cujo o objetivo é o seu próprio benefício, tendem a desconfiar dos demais, o que pode ser evidenciado também na área sentimental, são pessoas de poucos amigos, apresentam maior uso de psicoativos, tendem a quebra de leis e regras sociais, infidelidade recorrente outros comportamentos relacionados a transtorno Antissocial.

É frequente a associação dessas características com dificuldade de adaptação, expulsão e problemas recorrentes na trajetória escolar (Nunes, 2005).

 

A Realização é um traço que relaciona a motivação para sucesso, perseverança, capacidade de planejamento de ações em função de objetivo, quanto maior o fator de Realização maior será o auto sacrifício para auto-realização, tendem a serem ambiciosas, esforças e muito dedicadas ao trabalho, baixo nível nesse fator corresponde a pessoas que tem objetivos ambíguos, falta de foco, se envolvem em atividades que não tem um proposito, além disso usualmente são descomprometidos e poucos pontuais, têm dificuldade de manter envolvido em uma tarefa mesmo que isso gere prejuízo para outras pessoas; Crianças com baixo nível de realização sofrem mais agressões na escola, tem menos amigos, menor nível de atenção.

O último fator aqui descrito será o de abertura que sinaliza ao comportamento exploratório e do desejo de ter novas experiências, alto nível de Abertura são indivíduos curiosos, imaginativas, criativos, divertem-se com novas ideias e com valores não convencionais, vivem as emoções com maior intensidade; individuo com esse fator baixo, tende a ser convencionais nas suas crenças e atitudes conservadoras nas suas preferencias, dogmáticas e rígidas. Além disso, tendem a ser menos responsivas emocionalmente (Costa & Widiger, 2002), Abertura e Extroversão colaboram para uma personalidade criativa.

  • Quando se tira um coelho de uma cartola é que a gente o tinha previamente colocado dentro”  JACQUES LACAM (1954-1955).

TIPOS DE COMPORTAMENTOS

A personalidade do indivíduo expressa a suas inquietações e desejos a partir de dois tipos de comportamentos, sendo estes o comportamento expressivo e adaptativo, o primeiro consiste no estilo de resposta, ou seja, diante de uma mesma tarefa cada pessoa analisa a situação de maneira característica e individual e emprega o material ou organiza a situação de modo diferente, o segundo ou seja o adaptativo se refere a atribuição de suas necessidades e qualidades aos outros, sem ter consciência desse processo, o todo da personalidade do sujeito é composto por  três elementos, o primeiro os traços como já descrito anteriormente, em segundo o comportamento e a expressão, e em último a percepção e a interpretação do comportamento do outro, esse baseado exclusivamente na história do indivíduo, sendo este evocando memorias relacionais ao acontecimento a sua frente, todos os movimento de qualquer pessoa apresentara no mínimo dois componentes sendo esse adaptativo ou instrumental e expressivo:

Afirma que todos os nossos movimentos apresentam dois componentes o primeiro adaptativo ou instrumental e o outro expressivo Allport(1974).

    

O movimento instrumental ou adaptativo está diretamente ligado o que fazemos, este é constituído por intencionalidade, determinada pelas necessidades do momento da situação, é produzido formalmente, pode ser controlado, procura mudar o ambiente, tipicamente consciente.

O movimento expressivo está relacionado ao como fazemos, esse tem em suas características, e falta de intencionalidade, reflete a estrutura mais profunda da personalidade, é espontâneo, menos alternável e frequentemente incontrolável, não tem um objetivo, embora, tem efeito sobre os outros, é processado abaixo do limiar da consciência, baseado em na correlação do humor/emoções e afetos/sentimentos.

O estudo do comportamento expressivo teve o seu desenvolvimento baseado na teoria Psicanalítica de Freud que enfatizou a unidade da personalidade que, uma vez em conflito neurótico, torna-se evidente não apenas na personalidade, mas em cada gesto, em cada deslize de linguagem, nos maneirismos. Com o aumento da maturidade o comportamento expressivo tende a se reduzir a regiões limitadas do corpo, que leva as pessoas a utilizarem diferentes canais de expressão como por exemplo o modo de falar, de andar, de se vestir, sobre a inutilidade de controlar a parte expressiva da personalidade Hammer (1991) afirma que ´´ Os músculos de um indivíduo são honestos“. A expressão e o movimento estão relacionados a processos que ocorrem nas partes centrais do cérebro e não podem ser separadas dos desejos e tendências do indivíduo, a atenção dirigida pode até sombrear as intenções do indivíduo,  porem o processo adaptativo sobre com um limite, e esse não se dura, a ponto que logo se escapa pelo dedos a real emoção e intenção do sujeito, para isso é importante considerar que de um lado estão as necessidades ou instintos, e do outro lado os interessem sendo que ambos se manifestam em estado de animo das emoções primarias e afetos, ou em um sentido mais amplo como vivencias, que constituem os sentimentos, sentir e querer se opõem, a vontade se realiza na medida em que domina os sentimentos, na escrita a falta de ordem e regularidade indicam a falta de força de vontade, mas também, pode revelar a força de impulsos primitivos, já o inverso, ou seja, pessoas com regularidade de escrita apresentam uma diminuição da sua espontaneidade:

 

As pessoas que mostram regularidade na escrita costumam submeter as tendencias naturais e a sua ação a princípios e regras que reduzem sensivelmente, a sua espontaneidade Mandruzato (1997).

CONCLUSÃO

Observamos a partir de vários autores, que em primeiro lugar somos vítimas e também arquitetos da nossa personalidade, isso acontece porque ela construída de maneira tão magnifica e complexa como a construção mais elaborada de qualquer artificio tecnológico humano, nesse movimento constante que não para nunca, é modificado por tudo, infância eventos, traumas, relacionamentos, vieses, propensões genéticas, heranças familiares, como costumes e regras e muitos outros fatores que seriam impossível citar todos nesse pequeno trabalho, em uma teia quase infinita de ligações sinápticas construímos bloco a bloco o nosso sistema de personalidade, que é responsável por estabelecer o efeito prismático de como entendemos a realidade que vivemos, a estrutura em fim é resultado dinâmico de variados sistemas complexos, a uma disponibilidade psicodinâmica visando transmitir qualidade dinâmica do Id, ego e superego em perpetuo conflito, tal dinâmica abre a possibilidade da avaliação sistemática com a utilizações de variados mecanismos de avaliação, tal como testes expressivos e também testes descritivos que visam dispor a nós uma explicação daquilo que tornamos, e também nos permitir agir e corrigir determinados pontos doentios de nossa personalidade causadores de muitas vezes da falência dos afetos, gastos desnecessários de energia psíquica, custos financeiros, e o mais importante compreender muitas vezes o causador da angustia que tem como ponto final o sentimento de incompletude e tristeza, finalizo aqui com expressão de Lacan que conclui que, Quando se tira um coelho de uma cartola é que a gente o tinha previamente colocado dentro JACQUES LACAM (1954-1955):” essa conclusão reflete muito bem a dinâmica de nossa construção da personalidade, que tudo que é nosso, é sempre evocado da  história em que participamos, se nos pertence hoje, é porque em algum momento foi adquirido na relação intima do ambiente e do conteúdo biológico filtrado pela nossas   emoções e afetos.

Afirma que todos os nossos movimentos apresentam dois componentes o primeiro adaptativo ou instrumental e o outro expressivo Allport(1974).

O movimento instrumental ou adaptativo está diretamente ligado o que fazemos, este é constituído por intencionalidade, determinada pelas necessidades do momento da situação, é produzido formalmente, pode ser controlado, procura mudar o ambiente, tipicamente consciente.

O movimento expressivo está relacionado ao como fazemos, esse tem em suas características, e falta de intencionalidade, reflete a estrutura mais profunda da personalidade, é espontâneo, menos alternável e frequentemente incontrolável, não tem um objetivo, embora, tem efeito sobre os outros, é processado abaixo do limiar da consciência, baseado em na correlação do humor/emoções e afetos/sentimentos.

O estudo do comportamento expressivo teve o seu desenvolvimento baseado na teoria Psicanalítica de Freud que enfatizou a unidade da personalidade que, uma vez em conflito neurótico, torna-se evidente não apenas na personalidade, mas em cada gesto, em cada deslize de linguagem, nos maneirismos. Com o aumento da maturidade o comportamento expressivo tende a se reduzir a regiões limitadas do corpo, que leva as pessoas a utilizarem diferentes canais de expressão como por exemplo o modo de falar, de andar, de se vestir, sobre a inutilidade de controlar a parte expressiva da personalidade Hammer (1991) afirma que ´´ Os músculos de um indivíduo são honestos“. A expressão e o movimento estão relacionados a processos que ocorrem nas partes centrais do cérebro e não podem ser separadas dos desejos e tendências do indivíduo, a atenção dirigida pode até sombrear as intenções do indivíduo,  porem o processo adaptativo sobre com um limite, e esse não se dura, a ponto que logo se escapa pelo dedos a real emoção e intenção do sujeito, para isso é importante considerar que de um lado estão as necessidades ou instintos, e do outro lado os interessem sendo que ambos se manifestam em estado de animo das emoções primarias e afetos, ou em um sentido mais amplo como vivencias, que constituem os sentimentos, sentir e querer se opõem, a vontade se realiza na medida em que domina os sentimentos, na escrita a falta de ordem e regularidade indicam a falta de força de vontade, mas também, pode revelar a força de impulsos primitivos, já o inverso, ou seja, pessoas com regularidade de escrita apresentam uma diminuição da sua espontaneidade:

As pessoas que mostram regularidade na escrita costumam submeter as tendencias naturais e a sua ação a princípios e regras que reduzem sensivelmente, a sua espontaneidade Mandruzato (1997).

Referências Bibliográficas

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Jacques Lacan, O Eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise (1954-1955) I; tradutores Mar.ie Christine Lasnik Penot; com a colaboração de Antonio Luiz G.Jinet de Andrade.­ Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985

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McCrae, R. R. & Costa, P. T. (1997). Personality Trait Structure as a Human Universal. American Psychologist, 52, 509-516.

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Orlandi, Maria Aparecida. A arquitetura da personalidade / Maria Aparecida Orlandi. – 1. ed. – Curitiba: Appris, 2018. 251 p.; 23 cm (Multidisciplinaridade em saúde e humanidades) Inclui bibliografias ISBN 978-85-473-2280-9 1. Personalidade. 2. Psicanálise. 3. Neurociência. I. Título. II. Serie.